A
epidemia de microcefalia registrada no Brasil em 2015 é resultado de infecção
congênita da mãe para o bebê por zika. A conclusão é de um estudo caso-controle
preliminar do Microcephaly Epidemic Research Group (MERG), publicado nesta
quinta-feira (15), na revista científica The Lancet Infectious Diseases. A pesquisa é intitulada “Associationbetween Zika Virus infection and microcephaly in Brazil, January to May 2016:Preliminary report of a case control study”.
“Esta análise preliminar mostra
uma forte associação entre microcefalia e confirmação laboratorial de infecção
pelo vírus zika”, escrevem os autores. Segundo eles, o estudo “é o primeiro a
estimar a soroprevalência da infecção pelo vírus zika em gestantes em uma área
epidêmica no Brasil”.
Os autores também recomendam “que
devemos nos preparar para uma epidemia global de microcefalia e outras
manifestações da Síndrome Congênita do Zika”.
A pesquisa analisou 32 casos
(crianças nascidas com microcefalia) e 62 controles (crianças sem microcefalia
nascidas no dia posterior ao nascimento do caso e na mesma região), em oito
hospitais públicos de Recife, Pernambuco, entre janeiro e maio deste ano.
O MERG é um grupo formado por
especialistas da Fundação Oswaldo Cruz Pernambuco – Centro de Pesquisa Aggeu
Magalhães (Fiocruz/CPqAM), Ministério da Saúde do Brasil, Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Universidade Federal de
Pernambuco, Fiocruz Brasília, Secretaria de Estado de Saúde de Pernambuco,
Universidade de Pernambuco, London School of Hygiene & Tropical Medicine e
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
Os autores apontam que análises
preliminares podem superestimar a força da associação. Portanto, a magnitude
dos efeitos apontados deve ser tratada com cautela. Uma versão final desta
pesquisa, com uma amostra maior de 200 casos e 400 controles, vai ajudar a
quantificar o risco de forma mais precisa (por exemplo, qual a probabilidade de
crianças nascerem com microcefalia se as mães forem infectadas com o vírus zika
durante a gravidez).
O recrutamento dos recém-nascidos
é feito no momento do nascimento em maternidades. As mães são entrevistadas e é
colhido sangue do cordão umbilical dos bebês. O objetivo principal desse estudo
caso-controle é identificar a associação entre microcefalia e potenciais
fatores de risco. A pesquisa busca identificar, por exemplo, se houve infecção
pelo vírus zika, se as gestantes foram expostas a alguma droga, produto ou ambiente
contaminado, se as mães que tiveram dengue anteriormente e foram infectadas
pelo zika apresentam maior probabilidade de ter crianças com microcefalia,
entre outros.
Para a versão final da pesquisa,
também está sendo estudado o fenótipo das crianças com microcefalia. A intenção
é saber qual a frequência de hérnia umbilical, de artrogripose (deformidade e
rigidez nas articulações) e de malformações oculares e auditivas, entre outras
características da Síndrome Congênita do Zika. O estudo caso-controle é
financiado pelo Ministério da Saúde, pelo programa Enhancing Research Activity
in Epidemic Situations e pela OPAS/OMS.
15 de setembro de 2016 – Fonte: OMS/OPAS
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